movimentos sociais engessados, tradicionais e centralizadores (GOHN, 2017).
Complementando, conforme Maia (2013), o que distingue os coletivos dos outros
movimentos é o fato justamente de o coletivo não ter uma pauta permanente de ação, ele “pode
agregar múltiplas demandas, e, por meio de debates periódicos, são definidas quais as pautas
prioritárias, a partir da conjuntura política que é mantida em permanente análise.” (MAIA,
2013, p. 69).
A horizontalidade
—
entendida como ausência de liderança
—
seria outra
característica dos coletivos (MAIA, 2013). Ou seja, não haveria um líder que falasse em nome
dos outros, a liderança seria partilhada por todos. Os jovens se identificariam com os coletivos
por se distanciaram das formas que repudiam: partidárias, centralizadas, hierárquicas e
burocráticas (GOHN, 2017).

Tais organizações teriam forte presença nas redes sociais, fazendo com que a inovação
não seja apenas no campo interno, mas no modo como o coletivo se apresenta. Inclusive, é
principalmente no ambiente virtual em que são realizadas as discussões (MAIA, 2013; GOHN,
2017).
Os coletivos não teriam como projeto a continuidade, apenas o prazer momentâneo
atendendo aos apelos das redes sociais, seriam
“
[...] similares a
instantes mobs
. Eventos
combinados nas redes sociais para promover uma ação específica no tempo e no espaço,
impactar um coletivo e se dissolver”
(GOHN, 2017, p. 27). Nesse mesmo sentido, conforme
Maia (2013) os coletivos realizam atividades espontâneas que podem ser interpretadas com
uma vantagem, na medida em que permite a construção e novos debates a cada reunião
(MAIA, 2013).
Em suma, os coletivos seriam fluidos (aparecem e desaparecem com facilidade e a
permanência neles seria circunstancial), fragmentados, sem liderança, diferenciados
internamente, autônomos, com pautas múltiplas e temporárias e forte presença na internet.
Quanto ao seu surgimento, Mesquita (2008) associa a emergência dos coletivos à
suposta crise da representação política. Conforme o autor, os jovens perderem o respaldo de
instituições como movimentos estudantis, sindicatos e partidos políticos que tinham antes da
década de 1980 para expressar suas demandas e incluir a juventude. Os coletivos preencheriam
esse espaço necessário para a vocalização dos anseios da juventude.
Há que se questionar a dimensão inaugurada pelos coletivos ou pelos novíssimos
movimentos sociais, incluindo a adoção de novas nomenclaturas sobre os fenômenos. Os
movimentos sociais não são homogêneos e, portanto, não é possível afirmar que as práticas de
hoje são substancialmente diferentes das do passado. Pelo contrário, orientações distintas
coexistem por vezes dentro do mesmo movimento. Conforme esse argumento os velhos, os
novos ou os novíssimos movimentos sociais sempre conviveram em um mesmo espaço
temporal. O que muda é a seleção feita pelo pesquisador e a forma de interpretá-los.
No entanto, essas não são críticas suficientes para que se abandone a discussão. A
nomenclatura que se atribui a um fenômeno está ligada ao poder que o mesmo terá em relação
a mudança ou manutenção do status-quo.

2 METODOLOGIA
A presente pesquisa tem como objeto de estudo os coletivos. Por se tratarem de


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