persão, de se espalhar na nova região e não necessariamente sua agressividade na competição
com as espécies nativas (Pyšek et al. 2004). Em relação às plantas com dispersão por propágu-
los (ex. sementes ou frutos) Richardson et al. (2000) propõem como referência para considerar

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ESPÉCIES NATIVAS, INVASORAS E OUTRAS, QUAIS AS DIFERENÇAS?
uma exótica como invasora a capacidade de se dispersar sem ajuda humana a distâncias maio-
res que 100 m do local de introdução em menos de 50 anos. Para plantas com reprodução ve-
getativa (crescimento de raízes, rizomas, estolões ou caules reptantes), distâncias maiores que
6 m em 3 anos. A despeito da existência de muitas invasoras de pequeno impacto para os ecos-
sistemas, as quais ocorrem preferencialmente em áreas ruderais, parte das espécies invasoras
é altamente agressiva, invadindo ecossistemas naturais, alterando a composição e estrutura
da vegetação e ameaçando a biodiversidade nativa (a exemplo de algumas espécies de Pinus e
Gramineae no Cerrado - Pivello et al. 1999; Abreu & Durigan 2011). Richardson et al. (2000) cha-
mam esse subgrupo de “espécies invasoras transformadoras de ecossistemas” (transformers),
e que em português poderiam ser chamadas de “invasoras transformadoras de ecossistemas”,
ou mais simplesmente de “invasoras agressivas”. Mas ressaltamos que para uma espécie ser
considerada invasora o ponto chave é a dispersão, e não o impacto que a espécie gera, bastando
a capacidade de manter uma população e se dispersar para novas áreas para se enquadrar como
planta invasora. Obviamente, para fins de manejo, os esforços de controle de espécies invasoras
devem ser direcionados prioritariamente às espécies mais agressivas. Os termos acima definem
o arcabouço conceitual apresentado por Richardson et al. (2000) e Pyšek et al. (2004) e que
têm sido adotados de modo amplo na literatura de bionvasão. Entretanto, no Brasil o termo
“espécie subespontânea” (eventualmente também chamada de “espécie adventícea”) tem sido
frequentemente utilizado, embora de modo bastante impreciso, sendo aplicado para enquadrar
espécies exóticas que variam desde exóticas casuais até invasoras agressivas. Especialmente, o
termo subespontâneo não é comum na literatura internacional, que tem preferido
naturalized
ou
invasive species
. Assim, sugerimos substituir o uso dessa palavra por invasora ou naturalizada, a
depender do grau de naturalização da espécie. Dois outros termos precisam ser definidos com
clareza para evitar o uso incorreto com que têm sido aplicados pelos botânicos no Brasil: espé-
cies daninhas e ruderais.
© Paolo Sartorelli, Brotas (SP).
Cerrado com invasão de Melinis multiflora (capim-gordura).

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