No que diz respeito ao atendimento das doulas, hou-ve estranheza por parte das mulheres pelas mudançasinesperadas no cenário do parto com inclusão de equi-pamentos de proteção, preocupação com a proximidadee a interrupção da interação entre mulher-doula. Nesteâmbito, o processo de comunicação sofreu com o dis-tanciamento imposto pelas medidas sanitárias em todoo mundo (Cruz, 2020).A Figura 1 ilustra as interferências na comunicação notrabalho em saúde e as suas repercussões no cuidadoobstétrico.Figura 1Interferências na comunicação no trabalho em saúde na pandemiade COVID-19Os processos de interferência na comunicação entre osatores envolvidos no parto, impostos pela pandemia,comprometem as interações para o desenvolvimento deatividades, repercute na cooperação entre os individuosnas ações do parto e resulta em conflitos pela autono-mia. Entre alguns resultados desfavoráveis encontra-seo aumento de intervenções desnecessárias, incluíndoindicação de cesariana, e diminuição da qualidade doparto planeado e humanizado.O desafio mostra-se nas limitações já existentes no cuidadoobstétrico relativas à comunicação em saúde, que forampotencializadas com o contexto pandémico, em que omedo de contaminação se torna maior que a garantia deuma experiência de parto rica e humanizada.A construção de estratégias de transformação da ex-periência comunicacional entre enfermeiros obstetrase doulas no cuidado obstétricoNo contexto da pandemia de COVID-19, ressignificaras construções dinâmicas e vivas do trabalho em saúdematerno-infantil envolve a organização da vida, do espaçode atuação e dos processos de saúde e doença. Destarte,o sofrimento ocupacional, alterações na saúde mentaldos profissionais de saúde, a recuperação do bem-estar
5Brandão, L. C. et al.Revista de Enfermagem Referência 2022, Série VI, nº1, Supl.: e21049DOI: 10.12707/RV21049e prazer (Dantas, 2021), são facetas que devem ser con-sideradas no desenvolvimento do cuidado obstétricoe podem contribuir para complexas modificações nosresultados em saúde.Contextualmente, as relações de trabalho em saúde sãofatores diretamente relacionados com a qualidade nos cui-dados a mulheres que enfrentam intervenções, inúmerasvezes desnecessárias, impostas e que não consideram amulher e as suas singularidades nos processos assistenciais.Relações interpessoais são importantes elementos quecontribuem nesta dinâmica, assim como a comunicaçãoe superação de dificuldades e conflitos (Miltona et al.,2020).Neste contexto, o enfermeiro obstetra e a doula recons-truíram os modelos de interação e comunicação, pri-meiramente entre si, e posteriomente, com a mulherpor meio de estratégias com a família, as tecnologias erestante equipa de saúde. Como diferentes atores comformações distintas e competências diferentes, destacan-do-se que a doula temformação de capacitação para ocuidado no Brasil e o enfermeiro obstetra tem formaçãode nível superior, as suas ações encontram-se conectadasao objetivo principal: garantir à mulher um parto huma-nizado, com o seu protagonismo na experiência do partoe colaboração do enfermeiro obstetra como profissionalfacilitador e da doula como apoio (Ferreira Júnior et al.,2021; Herculano et al., 2018).
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Estados Unidos, S o Paulo, Parto, CONHECIMENTO, ENFERMAGEM, gravidez